sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Em 2011 Celebre Muito Mais


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de Ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze
meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra
o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra
vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente.




Carlos Drumond de Andrade

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Eu Sei


E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida. E você me olha com essa carinha banal de ‘me-espera-só-mais-um-pouquinho’. Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta.
Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo.




Tati Bernardi - A bela e o burro

sábado, 25 de dezembro de 2010

Balada do Amor Inabalável

É força antiga do espírito virando convivência de amizade apaixonada. Sonho, sexo, paixão, vontade gêmea de ficar e não pensar em nada... Planejando pra fazer acontecer, ou simplesmente refinando essa amizade, eu vou dizendo na sequência, bem clichê, eu preciso de você...




Samuel Rosa

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

It's About Us


Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meudeus?

Porque quando fecho os olhos, é você quem vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo o que era em parte, abrindo todas as janelas para um mundo deserto de nós dois. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, abre potes, inventa histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor onde todos os túneis são começos de qualquer coisa feliz, de leve, de azul, de puro e de meu.

Não, não me fale em medo, paciência, tempo que vai chegar. Não volte dois espaços, não negue, apareça. Sou vírgulas, você é lacunas. "Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato. Mas e o dia de hoje?" É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa e cantar as velhas canções. Não posso esperar. Tenho a mesa posta, toalhas brancas, ombros moles e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem ideias, sem voz, sem sentido. Com uma única certeza.

É preciso que você venha. É preciso que você venha nesse exato instante. Agora que não há conceitos e os nomes ainda são desprezíveis. Venha e escreva uma longa e cafona novela mexicana, com laquê nas expressões. Rime prazer com agonia, grafite paredes com os clichês dos amantes, acorde dentro de mim, lamba pernas com seus cabelos lisos e reais. É tudo um vazio cheio de portas, com caminhos confusos e simples que levam ao único lugar possível a quem ousa chamar de amor o que não deveria ter nome: o desconhecido. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto, cuja estrada embriaga até mesmo quem tem passos firmes e sabe fazer o quatro. Esqueça os on-the-rocks. Seja cowboy, macho, gente, animal, mistério, doçura, pegação. Abandone os antes. Meu nome é já e nossos pés paralelos se tocam no finito. Chame do que quiser. Mas venha.

Preciso dizer-lhe o que você talvez ainda não saiba: existem lobisomens que comem flores. Você sabia que existem lobisomens que comem flores? Você sabia disso, meubem? Daqui quase posso vê-lo, no meio de um grande corredor colorido. Buganvílias, rosas, cravos, azaléias, orquídeas, gérberas, gerânios. Não sei suas preferidas, mas percebo uma sutileza no ar. Médico e monstro, dor e riso, o impossível e o real. Opostos quase palpáveis, fechando metades, descobrindo o mundo, abrindo clareiras no matagal das emoções. Você sabia que o impossível mora no nosso quintal? Você sabia que os galos cantam, todos os dias, para que a coragem desperte e Deus renove sua misericórdia sobre todos os que pecam. Qual é seu maior pecado, meubem?

Hoje sou luxúria. Espero mãos pesadas, ópio na veia, sol de giz riscado no chão. Quero dividir meus erros, arrancar minha loucura, arrastar cabelo aos seus pés. Não cale. Entregue, apele. Posso descobrir mazelas escondidas e transformar seu corpo em juízo final. Marque o x e verá uma fila inesgostável de possibilidades adormecidas estendidas no seu varal. Seja. Porque estamos tão perto e tão longe e claro e cheios e inertes e ofegantes. Sou o chá, o veneno, a cura, a espera, a certeza, o presente, a solução. Reconheço enganos. E o meu medo é do seu medo de ter medo. Porque não quero amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Quero o que é e não tem muro. Escolhi o amor da prateleira e aprendi a só entender o sim. Se o seu modo é não, vá embora. Não olhe para trás. Renego estátuas de sal e abomino divisões. Se é para pular, que seja já. Porque hoje é hoje; e amanhã, amanhã ninguém sabe.



Caio Fernando Abreu in Ovelhas Negras

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Socorro

Socorro, não estou sentindo nada, nem medo, nem calor, nem fogo, não vai dar mais pra chorar, nem pra rir. Socorro, alguma alma, mesmo que penada, me entregue suas penas... Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada. Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate, nem apanha... Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa, qualquer coisa que se sinta, em tantos sentimentos deve ter algum que sirva.






Arnaldo Antunes

sábado, 11 de dezembro de 2010

- Só sei que nós nos amamos muito...
- Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
- Não, eu falei no passado!
- Curioso né? É a mesma conjugação.
- Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?
- E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações...
- Pensar assim me assusta.
- Por que? Você acha isso ruim?
- É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais...
- Você usou o verbo 'doer' ou 'doar'?
[Pausa]
- Pois é, também dá no mesmo...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


- Era uma vez você e eu.
- Só isso?
- Sim...
- E não tem fim?
- É, essa é a minha parte preferida...




Endless Love!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:

"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?"

- Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.

"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?" Questionou
novamente o pensador.

- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouvisse, retrucou
outro discípulo.

E o mestre volta a perguntar:
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"

Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu:

Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecida?
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas,
seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir
um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam.
Falam suavemente.
E por quê?
Porque seus corações estão muito perto.
A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações,
que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar,
apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.


pense nisso!